quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ODISSÉIA A SOLIDÃO




Odisséia a solidão
Há quem não goste
Nem de ouvir falar nessa palavra
Mas é so uma palavra
Mas diz muito


Eu não
Nela me encontro
Solidão
Perdido no barulho da inspiração

No silêncio encontrado nela
Me sinto mais humano
Mais gente
Mais homem


É nela que penso
Lembro que ainda existo
No meio de tanta correria
E ganância
Vejo o que há mesmo de importância
Nessa vida capitalista

É na solidão
Que a gente pensa
O que nunca pensaria
Se não estivesse nela

E é no segredo da solidão
Que as coisas nos alcançam
Os desejos mais loucos
As paixões mais avassaladoras
As vontades dententoras
De toda genialidade fatal


A abordagem da solidão
Para nos é sutil
Astuta e voraz
Capaz de arrancar
Até do mais pobre ser
O que lhe há de melhor
A que ser e fazer

É no licenciamento
Que so a solidão nos dá
Que a gente consegue sonhar
Os sonhos impossíveis
Mas que nos fazem viver
Mesmo nunca
Nunca
Sendo realizados.

SUB VERSIVO




Subversivo




Nesse descompasso
Que é um viver
De amor em amor migrando
Mas tudo, tudo
Em pura ilusão
Frustração

O poeta
Não vive o hoje
So se for no hoje de seu mundo
Mas escondido
Onde só ele sabe
Que é o único sobrevivente
De sua estranha mente

De manhã em manhã
O passado se foi
E eu fiquei


Sentindo de longe
O cheiro do que é viver
Extraído do presente
Que é tudo que eu
Sempre tive poetar
A perder

Todo poeta é um ser subversivo
Tem na alma e na mente
Algo indescritivo
Mas que é escritivo
Indescritivelmente descrito

SEM RIMAS FORÇADAS


Sem rimas forçadas

Mas daí então
Poesias em vão
No tinir da horas
Sem belongas sem demoras


Quero uma chave
Um verso em sistema exato
Na pluralidade de ser
Nesse vier
Pragmático

E agora
Sem rimas nem cores
No azul e branco
De céu
Da caneta e papel

Os versos vão escorrendo
Pela ponta da caneta
Naturalmente
Como a vida nos vai
Furtivamente

Perene e assim
Sem cada qual em si
No âmago das emoções
Em céu e mar de colizões


Poemas em frustrações
Catalizados em estrofes
Com ou sem rimas
Sem rimas
De amor com flor
Mas sim
Vida com felicidade
A poesia real deve ser assim
Sem rimas forçadas

IN SANA


Insana


Balbucio palavras
Não há tempo
A inspiração vem e vai
Feito sangue que se esvai

Como as ondas do mar
Cada vez mais
Vem de uma forma
E de tudo se difere

O poeta não precisa
De que lhe façam biografia
Sua vida é a poesia
Sua própria auto-biografia

A boemia
Essa sim , a grande musa
Que alimenta os poetas
A tudo
De tudo e de nada
Mesmo que sobre sua tirania

Prá ser poeta
Não precisa de muito
Apenas aceitar
A condição humana
insana

ES CRACHO


Escracho

As vezes acho
As vezes acho tanto
As vezes eu acho tanto
Que tudo é caramba

As vezes eu acho
No me perder em ilusões
Isso é inspiração

As vezes eu acho tanto
Que tudo nessa sociedade
É cambalacho
Puro escracho

Talvez fosse melhor nem poetar
Mas que outra coisa a fazer
Se nem truco eu consegui aprender
A jogar

Mundo a dentro
Mergulhando em desacatos
Feito ratoeira armada
E pobres ratos
Atores dessa jornada
Como nós,
Sem ter certeza de nada

Poesia
Coisa de quem tem sofrido
Está no mundo perdido
Se encontra em ilusão
Poesia é ilusão
Poesia é
Cada qual com seu coração
Sua frustração


A poesia é uma forma de descarga
Desgarte
Puchada pelas cordas da insatisfação
De quem sente
Que apenas de tudo
Ainda é gente

CISMAS


Cismas

Cismei em cismar com cismas
Acordei, e já no espelho cismei
Nem vi direito
Mas no café da manha de cismas me alimentei
Tudo era defeito
Um ego sem qualquer carismas

Sem notar
O tempo foi riscando meu rosto
Corpo , pele inteira
Tudo
E de antemão
Em poemas , em versos, em frases
Vou riscando também o tempo
Esse borrão
Em sonhos de Memórias perdidas
Depois de algum tempo
De tantas ilusões

Meus focos
Sempre foram minhas cismas
Versos em blocos
Faço
Sem nexo
Sem auto-estima

Tentei, tento e tentarei
Mas ela sempre me encontra na esquina
Na verdade não sei
Acho que essa dor não livrarei
Nem com overdoses de morfina
Em cismas

AQUI


Aqui


Aqui
De novo de velho
Não consigo
De tanto tentar
Pensar sigo
Aqui

Sem saber
Sem da inspiração me livrar
Pensar, amar e sofrer
Olhos revirar
O que fazer de tanto sonho
Prá no final
Tão somente escrever


Imprimo emoções em versos
As vezes avessos
As vezes não
São como são

Sem sossego
Sem máquina alguma
No soro da ilusão
Sem ilustração
De morte de vida
Vida desgarrada
Paixão descarada

A caneta desliza no papel branco
Caneta de tinta azul
Com uma esfera na ponta
Hesferográfica

Versos ecoam
Pingos na chuva
Deslizam nas telhas
Acalmando a noite quente


Em devaneios
Passo o tempo
Preenchendo folhas
Em poemas
Sem saber o que há por vir
Pra mim ou pra você
Mas mesmo assim
Eu passo
A vida no tempo que passa

SEM MELODIA




Sem melodia


A poesia folheia momentos
Vividos no imaginário
Como se desfolha uma rosa
Sentindo a dor dos espinhos espalmados
Nos calos cheios de suor
E secos

Esse simples paradoxo
Momento poesia
Por si só bastaria
Pura sinopse da vida
De um poeta

No fundo
Cada pingo de suor
Sal e açúcar
Cada soro
Orvalhado de hormônios
Tem o tom da espera
A esperança
De um corpo momentaneamente
Não defunto

E a inspiração
Essa piração
Rasga a madrugada perene
De verso em verso
De boca calada
Só na poetação


Meus versos meus sonhos
São secos
São impares
Não cabe numa folha só
Via alem do infinito
De minha imaginação

Meus versos meus sonhos
Não cabe a mim
Dar-lhes melodia
Não são feitos para isso
São só lembranças
De que a gente é assim
O que é e não o que gostaria de ser

Autor

E é no vazio das madrugadas
Vem os sonhos mais loucos
As idéias mais íngremes
Os poemas mais lindos

Sozinho
No fundo o silêncio
Opaco
Na sombra
De uma vida sem carinho

É na madrugada
Que se sente os odores
Sentidos de dia
É onde todos aqueles disabores
Se convertem em poesia


E toda nervura
Toda braveza
Se rende a tanta beleza
Dos versos que na folha
Nas folhas se firugam

Mas sabe que reparando bem
Agora não está tão silencioso
Ouço o som forte
Da ponta da caneta
Deslizar sobre o papel
E é algo tão natural
A inspiração
Que parece
Que quem escreve
Não é a mão
E sim o coração
Esse sim é o autor

Autor


Autor

E é no vazio das madrugadas
Vem os sonhos mais loucos
As idéias mais íngremes
Os poemas mais lindos

Sozinho
No fundo o silêncio
Opaco
Na sombra
De uma vida sem carinho

É na madrugada
Que se sente os odores
Sentidos de dia
É onde todos aqueles disabores
Se convertem em poesia


E toda nervura
Toda braveza
Se rende a tanta beleza
Dos versos que na folha
Nas folhas se firugam

Mas sabe que reparando bem
Agora não está tão silencioso
Ouço o som forte
Da ponta da caneta
Deslizar sobre o papel
E é algo tão natural
A inspiração
Que parece
Que quem escreve
Não é a mão
E sim o coração
Esse sim é o autor