Na boemia
Mais uma vez
Andando pela rua
Na cidade de Araxá
Poderia ser qualquer outro lugar
Sem destino
Na fronteira de não saber onde chegar
Na fonte de inspiração
Meu coração se enche de tristezas
Coisas que se convertem
Até feiúras
Nas mais belas belezas
Um sincero sorriso amigo
Um bom bate papo
Ai que vontade de um desabafo
Com alguém que se confie
Mas meus amigos
Melhores amigos se foram
E confianças e em quem confiar
Foram se embora com eles
Agora sou um cara da noite
Na boemia e na poesia me encontro
E desencontro
E nessa eterna falta do que fazer comigo
Na boemia
Entre sorrisos genéricos
Só encontro sentimentos baratos
Ditos sentimentos mas...
Não chegam a tanto
São mais improvisos
Nas tabernas
Onde só se ouvem risos
E também falsos gemidos
Sem prazer algum em pseudo-amores
Lá, nesses lugares de boemia
Onde o amor é um produto
Um serviço especializado
Que se Poe e que se tira
A vontade do cliente
Coitada dessa gente
Quanta dor na alma sentem
Em lugares de boemia
Não há nenhuma fantasia
Apesar de tanta coisa gostosa
Apesar de todos nesses lugares
De boemia
Estarem fantasiados de gente
Na boemia não há poesia
Só mesmo é muita gente carente
Na boemia não existem
Sentimentos caros e nem verdades
Apesar de que nesses lugares
Tudo é dez vezes mais caro
Menos os sentimentos mais raros
Entre beijos e abraços genéricos
Na frieza de olhares
Vejo pessoas se esconderem
Mas não de outras pessoas
Mas de si mesmas
E essas pessoas que se escondem
Usam como escudo
A bebida , cigarros e outras drogas...
Além dos tais sorrisos genéricos
E gritinhos estéricos
E ali , na dor em comum
Que é sentida no peito de cada um
Que as pessoas se unem
E os corpos em desejos se enchem e fundem
Tudo e de tudo confundem
Em boemias
Pessoas ao entrarem nessa
Para outra dimensão se transportam
E a realidade e a sorte
Para elas fecham as portas
E suas historias se tornam
Tristes anedotas
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