sábado, 7 de novembro de 2009

Espinhas



Como é gostoso
O sair jorrado de pus
Esbranquiçado amarelado e um caldinho transparente
No espremer de uma espinha grandiosa
Com ar malicioso

Espremo espinha e cheiro teu cheiro
Odor forte, te confirmo
Inebriante não me condeno por isso
Digo não a hipocrizia
Duvido em vida e em poesia
Que tú nunca cheirou também
O cheiro que você tem

E como é gostoso
Chega ser quase um gozo
Dividido em pequenos estouros
Que quando próxima aos ouvidos
A gente até ouve o som delicioso
Do estourar de mais uma espinha
E o alivio é extremamente saboroso
Com é bom espremer espinhas

Começa a doer, vai doendo
E de repente quando menos se espera
O pus em meleca espirra em jatos
Primeiro a meleca mole
Depois o cabinho de pus compactado
Sai e espirra pregando se no espelho

Da pela pele da gente um pedaçinho
Expulso a próprio cunho dedal
Por nossa vontade em caldinho
E é quente, e grosso
Um caldo viscoso cremoso

Cristaliza depois
De algum tempo expelida
Ou mesmo na pele escondida
Depois de alguns dias inflamada


E como é gostoso e bom
Para o ego da gente
Espremer espinhas
É retirar todo mal contido na gente
Com as próprias mãos
O que da gente não presta
O que é do corpo rejeito

Espinhas
Em mim sobressaem
Nas costas e no rosto
Milhões de remédios
De beber, de comer, de deixar de comer
Deixar de beber, e nada efeito algum surtio
Cremes na pele nem tenho a conta de quantos já usei
Foi tanto dinheiro que já gastei
E nada , absolutamente nada em mim efeito efetivo reverteu
A vaidade para as espinhas a guerra perdeu
E as espinhas essa ordinárias
Em mim não me abandonam por mais que eu tente


O tempo passou
A puberdade foi embora
E com ela nada mudou
De espinhas em espinhas
Fui me espremendo nos espelhos da vida
No banheiro, no quarto
E até no espelho do shopping
Essa meleca espinhal espremi

Espinhas
O sentido desse nome é bem propicio
Tem a dor de um ficar de espinho

Rodo pela cidade
Nada escapa a meus olhares
Nem mesmo as marcas
Nos olhos de quem muito amou
E se decepcionou
Desde tão terra idade
Sentiu na pele, no rosto
Nas marcas de espinhas
Deixadas o peso e a dor
Da infelicidade

Espinhas
São umas marcas
Registradas minhas
No rosto cicatrizes e pintinhas
Assim dizem os especialistas psicanalistas
Espinhas são coisas
De pessoas nervosas
Filosóficas, apaixonadas, e cientistas
Pessoas ridicas


Espinhas
Ao acabar esse poema
Vou aumentar o tamanho da letra
Porque essa poesia de espinhas
É coisa muito minha

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