sábado, 7 de novembro de 2009


No silêncio da vingança


Lamentos não adiantam
Apenas atrasam
As vidas de quem os fazem ou ouvem
E quem ouve finge escutar
Lamentos coisa pouco salutar

Mas lamentos são convites
São baratos e acessíveis combustíveis renováveis
E as doces vinganças alimentam

No íntimo
No fragmentado firmamento do oprimido
A dor o sofrimento faz cativo
Em ímpeto descrédulo de justiça
O poeta faz sua própria justiça
Banhando em vesos
Paginas de sangue de desejos loucos
Que escreve
Enquanto o ódio cresce no peito e na mente
Cresce feito fermento

Invisível
Na calma fria de um perdedor
O voraz vírus do desespero é uma chama
Uma brasa que um dia
Em fogo pelo vento da oportunidade
Irá ensangüentar
O peito de meu malfeitor

O que está por se fazer
O que antecede o acontecer
No qualhar do sangue que jorra
Das veias do instinto assassino
Uma idéia , um sonho
A mais doce de esperada vingança

Não adianta mandar aviso
Quando a vontade chega
Aquela hora se conclui
A execução estará bem elaborada
Já era aquela vida de traidor
Vida desgraçada

Outra vida em silencio se furta
Temperada em doses loucas
A vingança é uma delicia
Um espetáculo de gozo incalculável
Como é gratificante , bom e gostoso
Se sentir vingado
Prazer de valor inestimável
No silêncio , no aceitar , até no poetar
A dor do desaforo vem em tudo
Vem em coro , em choro
E a vingança é o ópio dessa guerra
A pólvora do ódio
O estopim germinado em pontos fracos estudados
Nas solitárias madrugadas

Deitado em cama fria e dura
Milhões de idéias loucas vem me visitar
Pena que não tenho aqui agora
Um papel e uma caneta
Pra construir essa bereta
De injustiças e amarguras dissertar
E a raiva no peito mais tempo guardar

É na poesia que me curo
Me seguro
A dor de ser um ser envergonhado
Pelo mundo social abominado
Desmoralizado
Sou um operário , um poeta pela justiça abandonado
E o lugar onde meus pensares pousam
É escuro
É futuro

Quem condena a vingança
São os fracassados
Seres que já não possuem esperança
São homens casados


Seres assim sem pulso
Sem impulso
Vivem na ilusão sem poesia
De uma família a sustentar
Bens a ostentar
Herança adeixar
A uma esposa e filhos que nunca o amaram
E o que mais querem é o ver morto
Homens assim
Estão sempre perdidos no comodismo
De uma vida parada
Um coexistir pacato
Uma vida de rato
Se escondendo os problemas
Abaixando a cabeça pra tudo
Vivem assim
Até sua própria covardia
Com o nome atual de depressão
Implacavelmente os matar

Nenhum comentário:

Postar um comentário