sábado, 7 de novembro de 2009


Chuva anti-biótica
Chuva
A ver-se no marasmo se gosta da chuva
Nada melhor a aliviar num sábado a noite
A disfarsar-se melhor entre as festas não idas
Os amigos, as paixões não coquistadas
O desprezo social a critica parental
Doença sentimental irracional

Fingo ser normal enquanto a chuva
Em enxurradas lá fora
E aqui dentro num abrigo
Num buraco esconderijo a poetar

A chuva nos atribui alguns atributos
Um deles é o acostumar com o conformismo
E não olhar pro próprio umbigo
A chuva tem um sentido a aqueles que nela sofre
Um sentimento mais ambíguo

Onde passar há pingos, gotas raios e orvalhos
Que na cortante madrugada mal dormida distribui
Mas os díspares de impecilio vem a temperos
Nos intemperes do desprezo

Ao ver versos, idos,
Planos secos irem pelos ventos da chuva
No entreter com os pingos
Feito versos de uma poesia natural

E em que pese a chuva seu brilho
Tomara que continue
Caiando chuva a noite inteira
Com gosto doce e apertante
De gomos de cana caiana

E lavando a terra inteira
Pois assim fará com que a solidão única
Se torne uma mútua solidão
Que não há nada que atenue
No envolver dessa escuridão
Banhada de água doce
Caindo de graça do céu
Na terra em inexatidão

Chuva caótica
Mas em noites como esta, pra gente obsessiva
Funciona tão bem anti-depressiva
Como homeopática receita antibiótica

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