quinta-feira, 5 de novembro de 2009


VERDADES A MARGEM DO LAGO


Um dia de domingo,
sozinho entre tantos
fui a um lago, ou rio sei lá
Olhei a água cristalina
E fiquei olhando os peixinhos nadando
Joguei uma pedra na água
Os peixinhos responderam
Quem tem amor tem coragem
E foge da picaretagem
Você ama alguém de verdade
O resto é bobagem

Joguei outra pedra na água
E caiu enviesada
Ouvi outro peixe dizer
Melhor é o beijo roubado
Da moça encharcada
De desejo por ti apaixonada

Joguei um pedaço de pão na água
Como faço todo ano
Senti que os peixes diziam
Todo amor vive de engano
Pareço de sentimentos um cigano

Joguei um pedaço de pau na água
Caiu como um vidro de perfume
Em coro os peixes disseram
Joga fora teu ciúme
E vês que a felicidade é um culme
Algo de costume
Não se importar em sentir
O da amada cheiro de estrume

Joguei uma pétala na água
Mas perdi a direção
Os peixes , rindo de mim notaram
Quanto dói uma paixão
Fiquei pasmo
Como eles adivinharam
Minha sofreguidão

Joguei uma folha na água
Ela boiou feito um barquinho
Não se espantaram os peixinhos
Faltava-me o carinho
De minha musa inspiradora agora

Joguei uma semente na água
O rio logo amargou
Os peixinhos repetiram
Isso é dor de quem muito amou
Mas não se perdoou

Joguei um tomate podre na água
O rio ficou vermelho
E cada peixinho viu
Meu coração num espelho


Joguei um grão de areia na água
Mas depois me arrependi
Cada peixinho assustado
Me lembrou o que já sofri


Joguei um fio de cabelo na água
Antes não tivesse feito
Os peixinhos me acusaram
De amar com falta de jeito
Com excesso de respeito
Amor imperfeito


Joguei um sapato na água
Fez-se logo um burburinho
Nenhum peixe me avisou
Da pedra no meu sapato
Que estava no meu caminho



Joguei isopor na água
De tão leve ele boiou
Comentou o peixinho mais velho
Infeliz de quem nunca amou


Joguei um petisco na água
Antes atirasse a vida
Iria viver com os peixes
A minha alma de apaixonado dolorida



Joguei letras na água
Foi tamanho o rebuliço
Que os peixinhos protestaram
Se é amor deixa disso


Joguei a palavra na água
Não fez o menor ruído
Se os peixes nada disseram
tú me terás esquecido?


Joguei o sonho na água
Caiu certeiro feito fruto no canteiro
B em me avisou um peixinho
Fui passado pra trás


Joguei uma pena na água
De clara ficou escura
Até os peixes já sabem
Você não ama ; tortura



Joguei um medo na água
E caí n’água também
Pois os peixes me avisaram
Que la´estava meu bem
Minha musa
Que me quer também

Joguei a ilusão na água
Foi levada na corrente
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.

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